ALTAR PARTICULAR

Já está provado: o caminho mais rápido para a decepção é a expectativa e a ansiedade que ela gera.

Esperar algo de alguém ou alguma coisa é certeza de aborrecimento. Porque sem percebermos criamos um altar particular e esperamos que essa pessoa retribua com a mesma intensidade ao que damos de coração. Seja atenção, carinho ou outras "coisitas" mais. O problema é que nos esquecemos de que cada ser é único, com suas vontades, desejos, peculiaridades, seu jeito de ser e se comportar.

Exigir mais do que o outro pode dar é injusto e cruel com você. É fato que nem sempre (ou quase nunca) conseguimos controlar os sentimentos. Quando vemos já foi! Já estamos esperando algo em troca. Mas quando isso acontecer e a decepção "der as caras" esteja certa de que você tem 50% de culpa.

No final das contas, o negócio é respeitar o outro. E seguir em frente leve, livre e solta (pero no mucho) porque só assim conseguiremos ver além daquilo que reservamos para nós mesmos. Conseguiremos vislumbrar o que a vida dá de melhor: a oportunidade de vivermos cada dia como se fosse o último.

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CONTO

Seja feliz! 

Falou que iria e foi. Largou tudo mais e foi pra casa. Pensou a tarde inteira na roupa que usaria. Os acessórios, a calça, o sapato, no perfume. A ansiedade tomou conta dos seus sentidos.

Ficou pronta antes do combinado. Pressionou as amigas, queria chegar logo. O quanto antes, melhor. Só pensava nele, em sua voz, em seu jeito.

Esquecera-se de tudo mais. Não vislumbrava nenhum perigo, nem erro. O sentimento à flor da pele falava mais alto do que qualquer responsabilidade que julgasse sentir.

Estava bonita, se sentia assim. Foi dirigindo e pensando no que fazer, o que falar, na noite maravilhosa que teria. Dançar, beber, conversar e dar muita risada com as amigas. Foi o que fez.

Cantou junto e dançou em homenagem. Curtiu o quanto pôde, até que uma hora não deu mais. Um pequeno avanço e foram cortadas suas expectativas. Com a indignação quase que transbordando, sem esperança, voltou para trás, para o mesmo ponto de partida.  Teve a certeza a dor era o remédio para lhe devolver a lucidez. Almejara alto demais.

Queria satisfazer sentimentos e sensações guardadas há tempos. A desilusão a chamou à realidade: Volta, não é para você. Olhe a sua volta, repare nos olhares as mesmas súplicas e tantas!!! disse a dor, baixinho, como quem sussurra algo ao ouvido. Ela ouviu e concordou.

Voltou para os braços da responsabilidade. Prometeu que jamais se jogaria numa ilusão parecida. Voltou a sorrir e homenagear aos Deuses da música e da dança. Fez isso até não poder mais e voltou para casa com a certeza de que uma página havia sido virada em sua vida. Aquele sentimento não teimaria mais em incomodar.

Parabéns, menos um!

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